terça-feira, 25 de março de 2008

A Alegria na Tristeza

Depois de ficar de pernas pro ar nesta páscoa... volto a passar por aqui... trazendo um texto bem interessante da Martha Medeiros...
Na verdade escolhi este texto pensando em duas amigas minhas... mas... refletindo agora penso que ele serve para muita gente...
Eu, já passei por esta fase de melancolia e recolhimento no meu próprio casulo ano passado... foi bom, realmente triste, mas valeu pra eu repensar muitas coisas em minha vida... depois de meu recolhimento iniciei o ano de 2008 em outra sintonia... totalmente alegre e em paz comigo mesma.... me divertindo muito, conhecendo novos amigos, vivendo novos momentos especiais... É O CERTO!!!!

A Alegria na Tristeza
Martha Medeiros
O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.
O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. Pode parecer confuso mas é um alento.
Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música.
Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir. Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora. Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento. Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.
Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.

Um comentário:

Unknown disse...

Mais uma vez a Martha (que bom)... também não conhecia esse texto dela. A alegria na tristeza... sensacional! E ela faz uma reflexão bacana disso com a contemporaneidade... sentir e fazer (quase ser e ter)! Os sentimentos realmente fazem bem... sentir, seja que sentimento for, mostra-nos afetados, mostra que não estamos indiferentes a determinada situação ou determinada pessoa. Sentir é bom, e realmente pode ensinar muita coisa.

Concordo que a tristeza tenha esse lado positivo... de nos colocar em reflexão, fazer-nos pensar. De repente até pensar no que sentimos (e o que fazemos). Diante desse sentimento (o de tristeza), podemos nos enterrar nela, ou aproveitá-la para aprender, evoluir (quando a gente consegue optar por essa segunda "alternativa", a vida dá uma guinada legal). Refletir não é fácil... nos coloca frente a frente com os sentimentos, com o que nos afeta. Mas é o certo!

E se pararmos para "viajar" nisso (coisa que eu adoro fazer, rs), o sentir está realmente em falta na nossa sociedade atual - e ele é muitas vezes evitado (em todos os sentidos: deu dor de cabeça? toma logo um analgésico... anda muito triste, desanimado? toma um anti-depressivo... alguém ficou cabisbaixo? outro alguém diz "deixa de bobagem, bola pra frente"... e assim por diante... o sentir pode assustar... pode nos colocar frente a algo, que às vezes pensamos ser melhor deixar "quietinho", "intocável"). Não que devamos nos "afundar" nesse sentimento... mas que possamos sentir e pensar sobre...

E infelizmente tem se tornado claro o fato de ter um maior valor social aquele que "produz" (que faz). Os dias passam, a vida vai passando corrida... nos deixamos levar por esse ritmo louco! E li em algum lugar sobre essa "vida corrida"... quando corremos, o que está ao nosso redor passa mais desapercebido... correndo, não conseguimos ver cada paisagem pela qual passamos, e perdemos a oportunidade de apreciar certas belezas da vida... por isso é bom, mesmo que seja de vez em quando (afinal o mundo está aí e é nele em que vivemos), poder dar uma paradinha, e caminhar ao invés de correr. E aproveitar a "caminhada" para sentir, e refletir. Deixar-se afetar. Afinal... no final de nossa jornada por aqui, o que mais terá valor (e será realmente o essencial) será aquilo que pudemos sentir, e quem realmente pudemos ser... "quem" temos em nossas vidas, e não exatamente "o que" temos...

Podemos aprender com cada situação... então "vamo que vamo", pois a vida está aí para ser vivida!! Sorrir, chorar, aprender, crescer, cair, levantar... evoluir!

Como é mesmo? É o certo! rs...

Bjos a quem conseguiu chegar até o final do meu "bla bla bla" rsrs... inté!