domingo, 19 de junho de 2011

Sentir AINDA é Necessário.

HUMMM... gostei do texto da moça... e penso o mesmo, nesta sociedade da rapidez em tudo, informação rápida, lanches rápidos... não podemos esquecer que somos uma pessoa e não um computador onde se apaga um arquivo para inserir outro... sei que não é fácil, que a gente se cobra, quer sair logo da fossa, quer logo amar de novo... mas sentimento é sentimento, e deve sim ser sentido, deve sim ser sofrido, deve sim ser chorado, amado, sorrido... Que a gente se permita viver no nosso tempo, que a gente se permita... acho que dar uma sofridinha é bom: ensina... e a fossa nos ajuda, ajuda a querer levantar...

Namastê,
Nicole


Por Dra. Juliana Amaral

Psicóloga


Sentir AINDA é Necessário.
"Como superar essa fase de separação de uma união de 4 anos de vida a dois, onde após alguns meses separados (quase dez) se descobre que o ex tem outra pessoa... é uma sensação estranha, difícil! Não sei explicar exatamente o que se passa. Tento ser neutra a tudo isso mas no fundo, no fundo isso me incomoda, e muito! Por favor, me digam se isso está dentro da normalidade...O que eu posso fazer para aliviar essa ansiedade toda...Tenho levado minha vida, então, porque isso ainda mexe comigo?"

Peguei emprestado um trecho da história e dos sentimentos de uma usuária que dividiu um pouco da fase que atravessa.

O que captura minha atenção são as demonstrações de seus sentimentos que, embora não estejam explícitos nas linhas, estão contextualizados na; culpa por sentir dor, tristeza, raiva, sensação de estranhamento e "erro" por não estar pronta, curada e preparada para uma nova jornada afetiva, nos conflitos que a fazem sentir-se inadequada.

Na forma de cultura vigente, percebemos cada vez mais que pessoas e máquinas vivem praticamente em nível de igualdade. Hoje dizemos que uma pessoa não sonha mais em ser como alguém que admira, hoje os jovens buscam ser como máquinas, o ideal de ser é o ideal da rapidez, da precisão, da velocidade, da tecnologia. Sentir pra que? Sentir por quê? Acredita-se ser possível deletar e apagar pessoas e sentimentos como fazemos em nossos computadores e assim muitos fazem com a vida dos outros e com as próprias.

Inúmeras vezes chamamos de isso nossa própria vida, sentimentos, nossa história, como se fosse algo menor, como se considerá-los diminuísse o valor que temos no mundo, como se sentindo nos tornássemos fracos. Usamos um pronome quase depreciativo, isso, para no fim falarmos de nós mesmos. Essa crença traz culpa para aqueles que sentem, que entram em contato com seu mundo interno, com seu rico e valioso mundo interno, cada vez mais deixado em segundo plano, cada vez mais banalizado, cada vez mais considerado como alguma coisa estranha e desnecessária. Se culpam porque ainda não se recuperaram, porque ainda sofrem, porque sentem.

Considerar a existência do mundo interno é entrar em contato, sentir, sofrer, viver conflitos, amar, sorrir...nos dias onde todos buscam uma vida como vista em comerciais de TV, como fazer quando, em um certo momento, o que temos, sentimos ou vivemos em nada se compara com a alegria lá fora? E aí entra em cena a urgência de finalizar a dor, a pressa que leva muitos a dizerem "eu ainda sofro pelo fim do casamento, está certo sentir assim?"

A urgência não deveria estar na rápida tentativa de aniquilar os sentimentos e sim no retorno ao ritmo humano e natural dos sentimentos, com início, meio e desfecho. Seria possível então atravessar a dor com o tempo e respeito necessários, sem a idéia de que vivê-la é errado ou inapropriado, é simplesmente humano. Teme ser fraco ou frágil aquele que ainda chora, ainda pensa, ainda sente. Claro que não quero por meio do artigo dizer que o sofrimento deve ser eterno ou cultivado, ele precisa ser considerado e respeitado porém cuidado e tratado para que através dele advenha um maior conhecimento sobre si e um crescimento emocional. Mais forte e saudável será aquele que admite sua dor, aceita, lida e transforma.



2 comentários:

Anônimo disse...

Todos temos uma zona de conforto. E quando esta nos é tirada - seja por qual for o motivo: morte, doença, fim de um relacionamento... - demora-se um tempo até nos adaptarmos novamente. A questão é: quanto tempo?! Isso vai depender da maturidade de cada um. Todos temos o direito de lamentar e sofrer. Mas creio que não é necessário fazer isso por décadas e décadas. O fato de aprendermos algo útil num período assim não é algo inevitável, mas sim opcional. O melhor que podemos fazer?! Admitir o que estamos sentindo. A partir do momento que admitimos para nós mesmos, isso é a verdade. E a verdade liberta. Caso contrário, o sentimento fica bloqueado, deixando-nos estagnados. Os sentimentos devem ser sentidos. Pois quando fazemos isso eles vêm, sentimo-os e depois eles se vão (na maioria das vezes).

Alemoa Nicole disse...

Pois é Sr/Sra Anônimo/a, realmente não é nada fácil nos recuperarmos, falo particularmente pelas minhas experiências com relacionamentos...as vezes eles tem tudo para dar certo, amor, carinho, admiração, mas por motivos aleatórios a coisa acaba não engrenando, e acho que nestes casos é o pior, pq o relacionamento se vai mas o sentimento ainda existe. Enfim, o jeito é a gente aprender a se doutrinar, tentar parar de pensar principalmente, se faz necessário que a gente se convença de que o melhor para dar certo foi feito mas infelizmente ainda não foi o suficiente, jogar fora as más lembranças e deixar que apenas os momentos bons fiquem bem guardados na memória... Para aí sim, de coração mais leve, sem culpas, remorsos poder seguir em frente e se abrir para novas experiências... As vezes pode bater uma ponta de saudade, mas acho que isto é normal, afinal, tudo o que é bom agente guarda e pode sim relembrar... Desde que não deixe isto interferir em sua vida.... enfim...to aprendendo..a cada chapuletada que a vida nos dá a gente vai ficando com o casco mais duro e vai aprendendo a lidar com estas situações...