quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Je Ne Regrette Rien


Je Ne Regrette Rien
Edith Piaf

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
C'est payé, balayé, oublié,
je me fous du passé.

Avec mes souvenirs,
j'ai allumé le feu.
Mes chagrins mes plaisirs,
je n'ai plus besoin d'eux.

Balayés mes amours,
avec leurs trémolos.
Balayés pour toujours
je repars à zéro...

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien.
Car ma vie, car mes joies,
Pour aujourd'hui
ça commence avec toi




quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pirando na batatinha....

Do livro ESCRITOS DE EDUCAÇÃO de Pierre Bourdieu. FIKDIK...(fica a dica ; )

CAP II: “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura”.

Em “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura” Bourdieu nos trás o conceito de capital cultural, segundo ele, “cada família transmite aos seus filhos, mais por vias indiretas que diretas, um certo capital cultural e um certo ethos”(p.41). Este capital cultural seria nada mais nada menos do que aprendizados obtidos com a família em casa, sejam hábitos, atitudes e modos de expressão, seja no comportamento ou maneira de se expressar linguisticamente.
Para Bourdieu, este capital cultural faz toda a diferença na vida escolar da criança posteriormente, no texto, ele nos trás dados concretos que demonstram que as oportunidades de acesso ao ensino superior aumentam conforme aumenta o nível da classe social dos sujeitos, e que quanto maior o nível social, maior o capital cultural dos sujeitos.
Mas por que quanto maior o nível social maior o capital cultural dos sujeitos? Creio que isto se deva ao fato de que famílias de classes mais abastadas têm toda uma criação mais “requintada”, estas crianças, que já tem seus pais com formação e que já vivem em uma família estruturada acabam adquirindo hábitos e vivendo em um meio mais culto, tendo mais acessos a teatro, cinema, museus, música livros etc... Pensando agora numa família de classe mais inferior, nestas classes geralmente a formação dos pais de família são mais populares, os pais não tiveram tanto acesso aos estudos, isto não significa que os filhos não possam se interessar por cultura, como o teatro ou a música, mas com certeza quando a família precisa se preocupar antes em colocar comida na mesa, manter o filho na escola ou pagar as contas da moradia, esta cultura acaba ficando em segundo plano, o acesso a este tipo de atividades culturais fica mais difícil, por isto, o capital cultural é muito maior em famílias de classes mais altas, pois “Elas herdam também saberes, gostos e um bom gosto”(p.45)
Sendo assim, Bourdieu nos descreve sobre o funcionamento da escola e sua função de conservação social, segundo ele, “tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura” (p.53). Isto porque a “bagagem de capital cultural” dos alunos da classe alta ou da classe mais baixa diferem muito uma da outra, alunos de classes mais altas terão muito mais facilidades nos entendimentos dos ensinamentos dos mestres, enquanto “os filhos das classes médias são forçados a tudo esperar e a tudo receber da escola”(p.55).
Bourdieu nos trás também a “ideologia do dom”, esta ideologia é que justificaria o sucesso das elites e a inaptidão natural das classes mais desfavorecidas nos assuntos referentes ao ensino. A verdade mesmo é que estes dons são na realidade a herança cultural que os indivíduos carregam e a qual já abordamos anteriormente, o problema todo esta mesmo é no fato de que a escola ao fortalecer a “ideologia do dom” acaba por “contribuir para encerrar os membros das classes desfavorecidas no destino que a sociedade lhes assinala... persuadindo-os de que eles devem o seu destino social à sua natureza individual e à sua falta de dons”(p.59). Sendo assim, os poucos alunos de classes mais baixas que conseguem o sucesso neste processo escolar acabam por legitimar este modelo de escola e também a idéia de dom.
Pensando este assunto aqui no Brasil, e o acesso ao ensino universitário por parte dos estudantes, conseguimos visualizar a dificuldade das classes mais baixas primeiramente em conseguir acesso as universidades, sejam elas particulares ou públicas, a outra dificuldade depois é de o aluno conseguir completar os seus estudos. As classes mais altas conseguem este acesso com muito mais facilidades porque possuem um bom estudo e um bom capital cultural adquirido ao longo de toda sua vida, desde a infância até a fase adulta, e possuem também capital financeiro para permanecer sempre estudando. O mesmo não acontece com as classes mais baixas, que muitas vezes acabam tendo um estudo muito fraco na infância, a maioria acaba nem seguindo em busca de um ensino universitário porque precisa trabalhar para sobreviver, aqueles que prosseguem nos estudos acabam percorrendo uma longa e cansativa jornada entre estudos e trabalho.
Sendo assim, só me resta concluir com um trecho de Bourdieu no qual ele escreve que “Somos levados, então, a reconhecer a rigidez extrema de uma ordem social que autoriza as classes sociais mais favorecidas a monopolizar a utilização da instituição escolar detentora, do monopólio da manipulação dos bens culturais e dos signos institucionais da salvação cultural” (p.64).